Os plásticos sempre aparecem no Porto de Baltimore depois da chuva. Uma monstruosidade para a orla turística, o destino da poluição seria viajar da maior cidade de Maryland até a Baía de Chesapeake, bacia hidrográfica vital, sustentáculo de água potável, pesca e outros setores para mais de 18 milhões de pessoas, da Virgínia a Nova York. Um morador abordou a Prefeitura com uma ideia maluca — ele poderia construir um escavador de lixo flutuante para ajudar a recolher o lixo?
Assim nasceu Mr. Trash Wheel. A invenção se parece com um caracol com olhos arregalados e deixou a orla de Baltimore limpa como não ficava há décadas. Cidades litorâneas como Rio de Janeiro, Cidade do Panamá e Lombok, na Indonésia, estão pensando em reproduzir seu sucesso.
A coleta do lixo funciona assim:
Barras flutuantes canalizam o lixo para a boca de Mr. Trash Wheel. Garfos rotativos então erguem o lixo e o despejam em uma esteira transportadora. Quando o lixo chega ao topo, ele cai em um contêiner flutuante. Uma roda d’água gigante conectada a um sistema de engrenagens aciona a coleta. Quando a corrente de água se move bem lentamente, a energia solar mantém tudo em movimento.
Desde que Mr. Trash Wheel começou a funcionar em maio de 2014, ele engoliu 500 mil quilos de detritos, que é queimado para ajudar a gerar eletricidade para a cidade. O trabalho incansável de embelezamento do porto transformou Mr. Trash Wheel em celebridade: ele tem quase 1,5 milhão de visualizações no YouTube e também em sua conta no Twitter. Alice Volpitta, da Blue Water Baltimore, disse que a roda antropomórfica está deixando os moradores entusiasmados com a qualidade da água. “Por outro lado, eu realmente gostaria que pudéssemos matar Mr. Trash Wheel de fome. ”
Em dezembro Mr. Trash Wheel ganhou a companhia de uma colega, a Professora Trash Wheel. Ela tem cílios, diploma avançado e garantia de emprego para limpar outra parte do porto. A alimentação das rodas vem principalmente de lixo da terra que deságua em córregos e rios. Às vezes, há coisas estranhas nos detritos. Adam Lindquist, diretor da Parceria Waterfront de Baltimore, recentemente pegou um violão no contêiner. “Estou ansioso para colocar cordas novas nele”, disse, acrescentando que esperava que ele tivesse adquirido algumas características locais — “aquele som de Baltimore, do Rio Jones Fall”.